SÍNTESE HISTÓRICA
- Cap 1
- 2 de mar. de 2016
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O povo judeu conta os anos a partir da data da criação do mundo, segundo um dos livros sagrados, o Gênesis, em 3761 antes da era vulgar. Convenhamos, é muita história a considerar Quanto ao calendário, porém, dispensando uma rigidez cientifica, poder-se-ia classificá-lo em três grandes períodos: Período Bíblico ou Mosáico Período Talmúdico Período Pós-Talmúdico ou de Hillel II Embora que o ideal, para este trabalho, fosse comentar procedimentos especificamente operacionais sobre o calendário, expurgar temas históricos, poderia prejudicar o conteúdo programático do mesmo. Para que tal fato não ocorra, haverá, tanto quanto possível, uma divisão dos eventos históricos, dos procedimentos classificados como operacionais.
PERÍODO BÍBLICO OU MOSÁICO Sob o comando do patriarca Abrão, os hebreus partiram de Ur na Caldéia, localizada na Caldéia. Pastores e agricultores errantes, extremamente hábeis nas artes e também nos conhecimentos científicos da época, principalmente nas matemáticas e na astrologia, inventaram um calendário agrícola, o qual, por circunstâncias diversas, pulverizou-se com o passar dos anos; o perfil sistêmico do calendário agrícola, parece ter sido: Estação seca (abril-setembro) Estação chuvosa (outubro- março) Por sua vez, as estações subdividiam-se em: Sementeiras (novembro-dezembro) Colheiras (abril-junho) Provérbio judeu " Quem é grande em Torah, também o é na ciência laica "
Período bíblico A Bíblia hebraica -- que, à exceção de alguns livros, coincide essencialmente com o Antigo Testamento cristão -- narra os fatos fundamentais da história do povo judeu, a partir do momento transcendental de sua eleição e da aliança com Deus. Os judeus dividem sua Bíblia em três partes: a Lei (Torá), os Profetas (Neviim) e os Hagiógrafos (Ketuvim). Aliança e eleição O patriarca dos hebreus, Abraão, morava na cidade de Ur, na Caldéia, junto à foz do Eufrates, no século XX antes da era cristã. De lá, partiu para o norte, com seu pai, e recebeu a ordem de Deus: "Deixa teu país, tua parentela e a casa de teu pai, para o país que te mostrarei. Eu farei de ti um grande povo, eu te abençoarei, engrandecerei teu nome; sê tu uma bênção!" (Gn 12:1-2). Após a chegada de Abraão à terra de Canaã (mais recentemente conhecida como Palestina, para os judeus Terra de Israel, e onde hoje se localizam o Estado de Israel e a Jordânia), Iavé estabeleceu com ele uma aliança: "À tua posteridade darei esta terra, do rio do Egito até o grande rio, o rio Eufrates" (Gn 15:18). E acrescentou: "Eu multiplicarei grandemente a tua descendência, de tal modo que não se poderá contá-la" (Gn 16:10). Como sinal dessa aliança lhe ordenou: "Que todos os vossos machos sejam circuncidados" (Gn 17:10). Abraão, seu filho Isaac e seu neto Jacó constituem a linha patriarcal de referência do povo judeu, fiel à aliança divina. Jacó recebeu do Senhor um novo nome, Israel, e de seus 12 filhos originaram-se as 12 tribos do povo judeu, os descendentes de Israel, ou, como se chamavam, os "filhos de Israel" (Bene Israel).Êxodo e estabelecimento em Canaã A segunda etapa decisiva da história do povo judeu começou com sua libertação da escravidão no Egito (século XIII a.C.), onde se haviam estabelecido na época da grande seca. Moisés foi o líder que, por ordem de Iavé, conduziu a marcha de quarenta anos através do deserto para voltar a conquistar a terra de Canaã. Durante a travessia do deserto, Moisés fixou a lei judaica, cujo núcleo foram os Dez Mandamentos, gravados nas tábuas recebidas de Deus no monte Sinai, que abarcavam as crenças, a moral, os rituais e a organização civil do povo. Essa lei, a Torá -- também chamada lei de Moisés, ou lei mosaica --, está contida no Pentateuco (Chumash), os cinco livros que constituem a primeira parte da Bíblia, e viria a ser a fonte de coerência e unidade do povo judeu e, todos os tempos e lugares. Segundo a tradição, ainda nos tempos de Moisés surgiu a lei oral, que se transmitiu dessa forma ao longo de gerações e só foi registrada por escrito muitos séculos depois. Uma vez estabelecidos em Canaã, a Terra Prometida, cada tribo em seu próprio território, os hebreus sofreram a influência do paganismo e os ataques de filisteus e moabitas. Surgiram então os juízes, como Débora e Sansão, que lideraram o povo em épocas de crise, na luta contra os inimigos e na condução de um modo de vida adequado às leis da aliança. Entretanto, fez-se necessária a reunificação das 12 tribos, e Saul foi ungido rei no século XI a.C. Davi, seu sucessor, conquistou Jerusalém, transformou-a em capital do reino e para lá levou a Arca Sagrada, símbolo da aliança com Deus. Salomão, filho de Davi, construiu o primeiro templo, em Jerusalém. Com sua morte, o reino foi novamente dividido: Israel, no norte, formado por dez tribos, assimilou elementos heréticos no culto e logo sucumbiu, invadido pelos assírios. Sua população foi deportada, e as dez tribos desapareceram desde então da história judaica (várias hipóteses, fantasiosas ou não, têm associado etnias contemporâneas à descendência dessas tribos). O reino de Judá, no sul, centrou-se em Jerusalém e manteve-se fiel às tradições. Os judeus de hoje descendem principalmente dos habitantes de Judá. Nessa época de decadência religiosa, política e econômica surgiram os grandes profetas de Israel -- Elias, Amós, Isaías -- que exortaram o povo a retornar à fé tradicional. A visão da história como instrumento de Deus, que faz cair a desgraça sobre o povo judeu como castigo pelo descumprimento da aliança, foi em parte obra dos profetas.
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